quarta-feira, 8 de junho de 2011

A BANALIZAÇÃO DA VIDA: ENTRE O “SER” E O “TER”


             A sociedade contemporânea tem se deparado com problemáticas que tem levado o homem a se indagar sobre princípios que norteiam o agir humano, princípios de condutas morais. A grande problemática que está dentro do campo da ética diz respeito à banalização da vida, a vulgaridade da vida, tornando-a e transformando-a em algo ordinário, corriqueiro, um “objeto”, do latim objectu, “expor”, algo que é manipulável que se expõe “exponere”, que se apresenta em exposição.
A vida tem se tornado, portanto, popularmente falando, algo “frio”, um objeto em que se apresenta para a humanidade que, paradoxalmente, tem se tornado desumana. É a era da imagem, é a sociedade da imagem na qual o “apare-ser” sobrepõe ao que é, o estético sobrepondo ao ético, o ter sobrepondo ao ser.
Todas estas sobreposições têm, na cotidianidade, agravado em problemas tais, que a vida perde o seu próprio sentido essencial e se transforma em seu sentido aparente, algo sem valor, des-sentido. Está ocorrendo, portanto, a banalização do que há de mais precioso na humanidade, a própria vida.
Quando o viver perde o seu sentido essencial em detrimento do sentido aparente, vê-se toda uma valorização do “ter” em detrimento do “ser”, ou seja, imbuídos de um espírito consumista de imagens, o viver torna-se, um viver da exposição, da aparência, da imagem que é transmitida. A vida, portanto, perde o seu sentido humanista e assume o sentido des-humano. Sentido este que é, paradoxalmente, a perda de sentido.
É, como já dito, se transforma na vida objectual, fria. Basta ligarmos o televisor nos telejornais. Cotidianamente são apresentadas imagens de seres humanos que por não terem, quando abordado por um assaltante, um real, é morto por este. A vida torna-se banal, sem sentido. A morte passa a ter sentido dentro da banalidade da vida. Uma filha, por exemplo, que planeja a própria morte dos pais com seu namorado, crianças, adolescentes que morrem sem ter o que comer, não por falta de alimentos no mundo, mas, por não terem acesso a este.
A morte, portanto, vai sendo encarada na naturalidade desses acontecimentos, tornando-se algo normal, uma criança que morre na favela, por exemplo, é como se fosse menos um, um humano encarado como objeto, ou seja, é a desumanização do humano, é como se esta criança não fosse o que é, porque para ela “ser”, ela precisa “ter” e como não tem, pouco importa o seu “ser humano”. Assim, ser-humano, nesta sociedade da imagem, é, antes de tudo, “ter” porque é a imagem que se apresenta e é quem, equivocadamente, tem definido, para muitos, o humano, e não o que ele é.
Este é um artigo para a reflexão sobre o humano e a humanidade, sobre o “ter” e o “ser”, ficando, assim, aberto para o aprofundamento por parte de você leitor que vive cotidianamente nesta sociedade em que a imagem se torna central.


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