quinta-feira, 9 de junho de 2011

POLÍTICA: DISCUTÍVEL OU NÃO DISCUTÍVEL? EIS A QUESTÃO.

             Na linguagem e no meio popular criou-se um “jargão” de que Política, Futebol e Religião são temas indiscutíveis. Mas será que são mesmo temas que não se discute? E por que não se discutem? Aqui me deterei a discutir apenas o primeiro tema, tentando, assim, responder a essas questões colocadas.
Em toda e qualquer relação social que se estabelece entre indivíduos o fenômeno do poder está presente. Em outras palavras, o poder se encontra em toda e qualquer relação, desde a atitude do pai para com o filho pedindo-lhe que faça algo à atitude da namorada que não quer que o namorado vá a tal festa, até a decisão do governante ao tomar uma posição sobre se aumenta ou não o salário mínimo. Todas essas são decisões políticas sobre as quais estão prescritas a relação de quem obedece e de quem comanda. Atitudes em que, está presente o dominante e o dominado. Procedimentos, portanto, políticos.
A política, pensada dessa forma, está em toda e qualquer relação, desde a relação micro do pai para com o filho, da namorada para com o namorado, até a relação macro, do governante para com a sociedade. Dito isto, a política é discutível sim. E não apenas isso. A política é essencial para a própria existência humana, uma vez que o preço do feijão, do açúcar, da farinha depende de uma atitude política.
O que se tem percebido nestes discursos de hostilidade a política, é que os que falam que não gostam da política, que odeiam a política, que política não se discute, estão a confundir a dimensão da política com a dimensão da politicagem, deixando, assim, de perceber que a política se diferencia da politicagem, tanto no âmbito conceitual como prático. Ou seja, pensar em atitudes políticas do ponto de vista governamental, é pensar políticas para o coletivo, o bem administrar, a arte de governar, respeitando as regras da democracia, a transparência da res publica, a participação dos cidadãos, o direito a voz e a vez, em fim é governar com o povo para o povo, respeitando as regras institucionais e, consequentemente, as instituições. 
Contrariando esta perspectiva,  temos o comportamento politiqueira que se concretiza na politicagem, não respeitando os princípios da transparência e da participação democrática, inviabilizando políticas que visem o bem coletivo.
            Toda esta antipatia que se constrói em torno do fenômeno da política é, portanto, uma antipatia sobre o fenômeno da politicagem, surgindo, assim, uma verdadeira confusão na mente das pessoas, por não distinguirem o primeiro do segundo. Tornando-as em pessoas desacreditadas, com baixo nível de estima diante do fenômeno da política. Portanto, você que está terminando de ler esta breve reflexão sobre o fenôemno da política, e que tem esta visão de que a política não se discute, será que você não está confundindo-a com a politicagem? Pense nisto. Lembre-se que toda relação política é uma relação de poder. O seu pai, a sua mãe, o seu filho, você, seu esposo ou seu namorado, estão cotidianamente tomando decisões políticas, pois tomam ‘par-tido’, assumem posições diante dos fatos e acontecimentos cotidianos.

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